Um E-mail para Mamãe

Mamãe querida, antes de iniciar minhas considerações a respeito do meu atual estado de desespero e insanidade mental momentânea, gostaria de proibir-lhe que percas vossa ilustríssima senha de e-mail (se você perder, não vai mais ter como acessar, em como receber minhas mensagens de alto teor calórico)…

Enfim, hoje é domingo, são 7 e meia da noite e eu gostaria de ressaltar que não lesse as futuras linhas a menos de 50 metros de distância de qualquer forma de vida que não vossa excelência, excetuando-se apenas meu totalmente excelente progenitor, sinhôzim meu pai.

Hoje eu e o pessoal da Faculdade tentamos ir pra exposição os cadáveres no Ibirapuera. Infelizmente, fomos acometidos por uma pequena enxurrada que, aliás, resolveu se dissipar no exato momento de nossa chegada! Mas nossa sorte aparente nessa pequena epopéia ainda não se fazia presente… Após descomunais esforços no intuito de localizarmos duas vagas no estacionamento para nossos gentis transportadores (um colega da faculdade e o esposo de uma outra colega), dividimo-nos em bandos pretendendo cobrir uma maior área e assim, quem sabe, encontrar noutro estacionamento próximo, duas vagas. Então, de repente, surge um clarão no Céu!! Opa, peraê: duas vagas são misteriosamente liberadas – o que poderia ser simplesmente obra do acaso, não fosse nosso caro colega esposo de minha amissíssima companheira acadêmica ter dado sinais de possuir poderes extrassensoriais (se é que é assim que se escreve isso) ao declarar premonitoriamente a liberação das duas vagas que estaríamos ocupando minutos depois.

Acreditando ser esta a solução para nossos problemas presentes, veio-nos então a triste notícia, tal qual facada atrás das costas desferida por aquela mocréia que outrara chamávamos “meu amor”: entre nós e a exposição havia o eterno entreposto de aproximadamente 700 pessoas aguardando em fila desde horário anterior às 8 da manhã, o que nos permite imaginar que poderiam estar ali desde a madrugada em acampamento para visitar a tão sonhada exposição daquilo em que todos nós nos tornaremos dada a discrepância que é doar seus restos mortais ao simples e infernal divertimento de psicopatas da área de saúde, que posteriormente, acredita-se, tornar-se-ão péssimos administradores das repartições públicas muicipais de esquecidas regiões do interior nordestino…

O que poderia ter sido um perfeito “programa de índio” (e esta é uma expressão bastante triste, tendo em vista o preconceito étnico-racial implícito à mesma) acabou por ser apenas o desferir duma lâmina afiada em meu pequeno coração, agora já cortado, fatiado, triturado, batido, espremido e jogado o bagaço fora ao presenciar ser a minha pessoa o único indivíduo que não apreciava de uma companhia feminina exlusiva. Permita-me explicar melhor: estando nós em 7 (3 casais e EU!), não fazendo conta da possível existência de um lindo, escuro e abissal poço de sensibilidade em meu coraçãozinho de criança abandonada nessa metrópole de merda, meus caros colegas esboçavam troca de fluidos da mucosa oral (vulgo=boca) ante a minha presença e excluiam-me – reconheço que sem ter a intenção, mas excluíam-me – das conversações que pairavam sobre temas dos quais não entendo bulhufas (tais como RPG, comida oriental e bandas de rock da década de 80, que aliás, eu DETESTO!!!)… Assim sendo, apresento aqui meus protesto de elevada estima e consideração sobre esta merda a vosmecê Mama mia, que mantém-se, ao lado de Jéssica, minha irmã, sendo as únicas mulheres cujos sentimentos para comigo são recíprocos: Mamãe querida, venho pedir-lhe que, encarecidamente, me SOCORRA!!!

Ficará EU afinal sozinho por toda a eternidade a desferir cabeçadas artísticas como expressão legítima de sua inspiração e ódio para com os casais enamorados? Continuará EU conhecendo unicamente garotas idiotas pelas quais se interessa num primeiro momento apenas para descobrir que elas têm algum namorado ou noivo idiota que é todo grandão, marombado e ainda por cima toca guitara em alguma banda de rock alternativo em São Paulo (e isso já conteceu comigo 5 vezes, a contar incusive a responsável por meu adoecimento repentino no período pré-férias – maldita seja!!)? Não perca o próximo episódio de “Minha nada mole vida… de cachorro!” (a mais nova novela daquilo que outrora era conhecido anatômicamente como o seu coração).

Racionalmente e fazendo pleno uso de minhas faculdades mentais, eis que decido me despir das espectativas de admitir a existência de um ser humano feminino compatível com meu padrão de personalidade que não possua um namorado idiota que toca guitarra em alguma banda ridícula – o que, logicamente, implica que entrarei em depressão dentro de 5, 4, 3, 2, 1… OK, minha melancolia está alcançando agora satisfatórios níveis de nebulosidade emocional densa conseqüência duma manhã tempestuosta… EU QUERO A MINHA MÃE!!! (aqui…)

Abraços, saudades e lágrimas de sangue da primeira novela mexicana da década de 80 que você conseguir lembrar o nome.

Atenciosamente, Enrico González: El Mariachi, vulgo EU.

Na Latrina do Amor – Episódios II, I e final

Na Latrina do Amor – Episódio II

Consta em nossos anais que, após sua morte (que ainda está para acontecer), Manoel Carlos Cerveja Rya decidira alterar em cartório seu vulgo nominal designativo para Manuel Chiquinha Gonzalvéz Cerveja & Cia ou algo parecido… Ei! Eu já não escrevi isso?!

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Na Latrina do Amor – Epísodo I

Guarulhos, capital de Ibipitanga. Terça-feira, Domingo e “Dia de São Nunca” simultaneamente,13 de março de mil novecentos e noventa e vinte menos três.

Prezados malfeitores,

Só tô digitano a presente nota pra avisar aos mano desavisadu quie o Episódio II da novela é, na verdade, o Episódio I disfarrrçado e se presta ao serviço de continuação da sinopse de “Na Latrina do Amor: A Nova novela do seu coração”, firrrmeiza? Sendo que o Episódio I, ora escrito, não passa de um complemento do que viria a ser o último episódio da Novela se algum dia ela chegasse a ser escrita pela minha pessoa (o autor)… e não foi (eu acho…)!

Sem mais para o momento, reforço votos de estima e consideração.

Amém.

Att.: A Fria sopa da Vingança

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